sexta-feira, 26 de junho de 2009

E o Rei se vai


Claro que esse post deveria ter entrado ontem, no auge da comoção, mas infelizmente a internet não permitiu. Eu já até havia reformulado todo o layout do blog que, atendendo a pedidos, ficará desse jeito a partir de agora para facilitar a leitura.

E com esse novo layout dedico o post ao acontecimento que ninguém consegue ignorar. A morte de Michael Jackson reflete, de certa forma, sua própria vida. Trágica, estranha, grandiosa, inesperada. Fui um dos que ficou não apenas chocado, mas até abalado com o que aconteceu.

Em fevereiro do ano passado, quando "Thriller" ganhou uma edição comemorativa de 25 anos, escrevi isso sobre o Rei do Pop, rasgando elogios ao álbum e comentando a triste fase pela qual o cantor passava.

Tudo pareceu mudar nesse ano. Com o anúncio de que ele faria diversos shows em Londres para se despedir dos palcos, eu sorri ao acreditar que ele poderia sair da música de forma triunfal. Cantar e dançar uma última vez os seus sucessos, que compôs e que refletem o tempo em que tudo parecia correr bem.

Infelizmente, a infância estelar mesclada com a relação tumultuada com o pai e as futuras excentridades e controvérsias apontaram a morte lenta do ídolo. Que culminou no dia 25 de junho de 2009, sem dar a ele a chance de subir ao palco uma última vez. Voltar ao lugar que o elevou a mito.

O fato de morrer tão próximo dos shows impossibilitou o retorno triunfal do herói. Ele chegou ao topo e depois foi ao fundo do poço, inclusive financeiramente, sem poder se recuperar. Agora, para muitos, resta saber o que a necropsia irá apontar como causa de sua morte. Mas, no fim das contas, não fará diferença alguma.

Topo

Acho "Bad", e principalmente "Dangerous", bons discos. O fato de eles não chegarem a 10% do que foi o "Thriller" não os torna ruins, mas indicam a decadência do músico e megalomaníaco Michael. Essa decadência se acentuaria a tal ponto que acabaria matando a carreira artística do Rei do Pop.

Mas todo seu legado fica, principalmente "Off the Wall", disco que escuto nesse momento, e "Thriller" (inclusive o videoclipe), além de seus trabalhos anteriores com o Jackson 5 e The Jacksons.

Hoje, a música pop perdeu o maior de seus ícones e tenho certeza que nunca irá se recuperar -como nunca se recuperou depois que Michael se "aposentou" há alguns anos.

Aos 25 anos, em 1983, MJ colhia os frutos de "Thriller" e vivia seu auge. Morreu exatamente 25 anos depois. Parece que a trajetória de sua vida foi simetricamente perfeita, desenhando o caminho até o topo e a posterior queda.

E ele era tão grande que tinha que morrer aos 50 anos, como símbolo de alguém que nunca quis envelhecer.

Já o pobre Tuvuca não tira de sua mente a passagem de MJ pelo Morumbi em 1993, que não pude acompanhar por causa da pouca idade.

De qualquer forma, o primeiro CD que eu comprei na minha vida foi o "Dangerous" (ou segundo -não lembro se comprei o "Skid Row" antes), lá por 1992. Hoje, infelizmente não o tenho mais, mas possuo uns 400 discos, e ele será para sempre especial por ter ajudado a despertar meu amor pela música.

Só por isso eu já te agradeço, MJ.




quinta-feira, 25 de junho de 2009

O acordo


Apenas para registro, porque não pude postar ontem. Primeiro, acertei parte de minha previsão:

Creio que, no fim das contas, a FIA vai dizer que Ferrari, Red Bull e Toro Rosso não podem sair, que eles têm contratos a cumprir e blablabla. Bernie Ecclestone dará sua dose de contribuição nas intimidações, ameaçando processos, e a coisa toda continuará indefinida.

Logo depois disso, a FIA afirmou que processaria as equipes. No entanto, tudo acabou resolvido em seis dias, para surpresa de todos. Mosley concordou em sair. A Fórmula 1 não terá teto em 2010. E todo mundo ficou feliz.

Aparentemente, as equipes venceram, e Mosley não pareceu ter ligado em perder. Acho que ele se encheu de tudo isso e resolveu confirmar sua saída. Afinal, não está passando pelo melhor dos momentos em sua vida pessoal -um de seus filhos morreu recentemente de overdose.

Apesar disso, tem gente que aposta que ele vai continuar mesmo assim. Para mim parece improvável, mas não duvido de nada envolvendo esses caras.

No fim das contas, Ecclestone deve ter ficado bem rico, e a F-1 vai continuar do jeito que está, só que com mais controle das equipes. E a novela que se arrastou por tanto tempo foi resolvida rapidinho após as equipes anunciarem a F-Fota.

E vamos embora porque temos coisas bem mais importantes para tratar.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

O racha


A Fota (Associação das Equipes da F-1) acabou de anunciar que vai iniciar as preparações para organizar seu próprio campeonato e deixar Fórmula 1, FIA, Max Mosley e Bernie Ecclestone para trás.

Não vou ficar lamentando toda essa lenga-lenga, a inabilidade em atingir um acordo, a onda de comunicados oficiais e as chatices dos dirigentes. É isso tudo que eu acho. Uma chatice.

Claro que o teto orçamentário é o maior pretexto, mas na verdade as equipes querem mesmo é ganhar mais grana e mandar no campeonato. E Mosley é um cara meio de ferro, nada derruba ele, então há de se imaginar que a FIA vai reagir à altura a esse anúncio da Fota. Tem muita coisa para acontecer ainda.

Muitos acham que é apenas uma ameaça da Fota, e que tudo vai ser solucionado como se nada tivesse acontecido. Também tenho essa impressão, com uma ressalva -se a FIA cumprir o prometido e anunciar oito equipes no lugar das oito que saíram, aí acho que a vaca vai pro brejo mesmo. Afinal, como vão poder excluir essas novas escuderias depois de as terem aceitado?

Creio que, no fim das contas, a FIA vai dizer que Ferrari, Red Bull e Toro Rosso não podem sair, que eles têm contratos a cumprir e blablabla. Bernie Ecclestone dará sua dose de contribuição nas intimidações, ameaçando processos, e a coisa toda continuará indefinida.

Mas se Mosley aceitar a cisão e anunciar as novas equipes, o automobilismo verá sua relevância no esporte diminuir imensamente, o que é lamentável.

Teríamos o campeonato das montadoras, que provavelmente receberá bem mais destaque por contar com a Ferrari e as equipes e pilotos melhores e mais famosos. Já a F-1 terá como trunfo as pistas, a estrutura, e a tradicional e hoje pequena Williams, que desfilará nos traçados ao lado de algumas aventureiras -incluindo aí a Force India, por mais que ela participe da categoria atualmente.

Mas uma coisa nesse comunicado da Fota me chamou a atenção com um olhar positivo: "Esta nova série terá um sistema de administração transparente, apenas um tipo de regra, encorajará os iniciantes e trará vantagens para os fãs, como ingressos mais baratos, em todo o mundo" - segundo tradução da AFP.

Se essa promessa da redução dos preços dos ingressos for cumprida, seria fantástico para os fãs da categoria, além de ser uma atitude simpática.

Outra intenção da Fota é voltar a correr em circuitos tradicionais ignorados por Ecclestone, como Montréal, por exemplo, algo que também beneficiaria os aficionados pelo esporte, que são muitos nesses locais. Espero que Interlagos consiga uma boquinha nesse campeonato se ele virar.

Mas o ideal mesmo é que essa guerra política diminua e que todo mundo coma logo essa pizza, coisa que eles estão, no fundo, louquinhos para fazer.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Reunited


Não sou o maior dos fãs do Faith No More, mas considero o álbum "The Real Thing" o melhor disco de rock dos anos 90 -apesar de ele ter sido lançado em 1989, representou uma injeção de ânimo no estilo e abriu caminho para novas (para mim, ruins) vertentes, como o new metal. Ainda vou fazer um post, esse ano, lembrando os 20 anos do lançamento (tenho no blog aquela seção esquecida das "efemérides do rock").

Apenas por isso, a reunião da banda com quase todos os integrantes de "The Real Thing" -a exceção é o guitarrista- foi uma das melhores notícias recentes no rock 'n' roll. Fizeram os primeiros shows na semana passada, e eles já estão completos no YouTube (quanta modernidade!).

O vocalista Mike Patton não é o mesmo do início da década de 1990, mas tem uma ótima e louca performance, entrando com uma bengala no palco, e pulando, gritando, urrando, e até cantando, o tempo inteiro. O setlist, por sua vez, é sensacional.

Todos eles, tirando o batera Mike Bordin, vestem ternos, e mantêm o aspecto comédia da banda. Para começar o show, em vez de um hit pesadão, como "From Out of Nowhere" e "Falling to Pieces", resolvem lançar um cover de uma baladinha romântica, que nunca haviam gravado, com o sugestivo nome de "Reunited" (hit de 1979 da dupla soul Peaches & Herb). A letra conta a história de um casal todo feliz e apaixonado com a volta de seu romance, após um tempo separado.

Eu achei a sacada sensacional. É totalmente anti-clímax abrir o show tocando uma música que quase ninguém conhece e que não tem nada a ver com a banda. Mas, assim, celebram a própria reunião, com aquela cara canastrona que não se pode levar a sério. É só ver o vídeo.

É bom saber que os caras voltaram de bom humor, que sempre marcou esse que é um dos grupos mais originais e criativos do hard rock/heavy metal da segunda metade da década de 1980. Foram ao topo nos anos seguintes, mas cansaram dessa vida há 11 anos.

Agora, voltaram, e que essa reunião renda ótimos frutos.

terça-feira, 9 de junho de 2009

O homem não sabe voar

Acidentes aéreos costumam chocar muito as pessoas. Talvez porque todas se apavorem ao pensar na possibilidade de passar por uma situação dessas, sem nenhum controle ou saída.

Ainda mais em casos como o do AF 447 da Air France, que caiu na semana passada próximo a Fernando de Noronha, ou do voo 1907 da Gol, que se acidentou na mata da região centro-oeste do Brasil em 2006. Ambos ocorreram com o avião em plena altitude de cruzeiro, simplesmente despencando dez, nove quilômetros, rumo ao inevitável encontro com o desconhecido.

É verdade que a falta de referências visuais, que estão aparecendo só gora, ajudou a amenizar o choque por conta da queda do Airbus da Air France. Neste aspecto, muito pior foi o acidente com o voo 3054 da TAM, em 2007, que atingiu o brasileiro, particularmente o paulistano, no coração.


Aquele incêndio no prédio da TAM Express, com o Air Bus da mesma TAM inteiramente destruído em plena av. 23 de Maio (que na verdade se chama Washington Luís naquele trecho, mas é tudo 23 no fim das contas), confirmou um pesadelo para aqueles que passam de carro por ali e sempre temeram um acontecimento desses.

E meu texto, na verdade, é apenas para me colocar como uma dessas pessoas. Aquelas que se assustam de verdade com um acidente desse porte, e sonham frequentemente com isso. Quando o avião da TAM apareceu na tela da TV, meu pesadelo virou realidade, apesar de, na hora, a cobertura incessante dos Jogos do Pan-Americano do Rio me distrair.

Antes daquele início de noite de 17 de julho de 2007, sonhei diversas vezes com a imagem de um avião caindo na 23 de Maio ou na av. Bandeirantes. Não quero posar de Nostradamus nem nada, e digo que esse pesadelo era totalmente justificável e, acredito, não tinha nenhum teor premonitório. Até onde eu sei, pelo menos.


Cresci respirando aviação - na foto, sou eu, com uns quatro anos, segurando um pôster que tinha pendurado no meu quarto. Minha mãe trabalhou a vida inteira na Vasp e meu pai seguiu caminho parecido na área de logística. Quando criança, tinha o sonho de ser piloto e trabalhar no que é, para mim, a máquina mais sensacional já criada pelo homem. O foguete, que leva o homem para o espaço, é privilégio de quase ninguém, então perde.

Com o tempo, percebi que não tinha muito jeito para entrar no ITA, virar engenheiro, piloto, sei lá mais o quê. É coisa demais para aprender, preferi seguir na Comunicação, área menos técnica e "intelectual", digamos.

E também fui crescendo com esses acidentes cada vez mais sérios no Brasil, primeiro em 1996 e depois agora - desde o acidente da Gol até esse da Air France -, que expõem uma sequência de fatos lastimáveis, incluindo falhas, erros e tristes coincidências, que atingem o setor áereo do Brasil.

Em menos de quatro anos, batemos todo tipo de recorde negativo no que diz respeito a acidentes aéreos no país. É realmente triste ver que essa máquina tão sensacional da qual falei às vezes firma nossos pés no chão e mostram que nunca saberemos voar. O controle sempre será dos computadores e instrumentos da aeronave, sujeitos a falhas contra as quais não se pode fazer nada.

Hoje, sonhei de novo com um acidente de avião. Eles andam tão recorrentes na minha memória que eu nem me deixo mais enganar por eles. Na maioria das vezes, apenas acompanho o que está acontecendo, sempre compreendendo, de alguma forma, que aquilo não corresponde à realidade. Bem diferente daquela imagem de TV com o TAM em chamas ao lado de um aeroporto que significou tanto para mim durante a infância.

Talvez o leitor deste texto pense que estou indo contra a tese de que o avião é o meio de transporte mais seguro do mundo. Deixo claro que não quero negar as estatísticas e nem deixarei de curtir uma viagem de avião. Este é apenas um relato sobre esse medo de acidentes aéreos que, tragicamente, andam frequentes no Brasil.

E deixo aqui minhas palavras de sentimento para as famílias e amigos que perderam um ente querido em uma dessas tragédias.


Fotos:

Destroço do Airbus voo AF 447 - 07/06/09-AP

Airbus do voo 3054 em chamas - 17/07/07-Apu Gomes/Folha Imagem

Jovem Tuvuca com o pôster do avião da Vasp - minha mãe, ou pai, entre 1988 e 1989

Avião da FAB pousa em Fernando de Noronha após trabalhos de busca - 06/06/09-Bruno Domingos/Reuters

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Emerson, 20 anos da primeira em Indianápolis


Existem coisas que você consegue em sua profissão que te dão realmente orgulho e estímulo para acreditar que ela é a melhor de todas.

Jornalistas, por exemplo, têm o privilégio de cobrir eventos, normalmente de graça, que outras pessoas se matam (e desembolsam muita grana) para conhecer. Como um show do Iron Maiden, ou a pré-estreia de um documentário sobre a banda no Rio. Ou viajar ao mesmo Rio para cobrir uma corrida da Stock Car. São coisas pequenas para quem está na profissão há bastante tempo, mas grandes para mim, com apenas dois anos de formado.

Às vezes, nós jornalistas também entramos em lugares restrito a um determinado órgão - como no meu primeiro dia de trabalho na Secretaria da Segurança Pública, quando conheci o IML-Centro (aquele do lado do HC, na Teodoro Sampaio) por dentro. Uma experiência de vida, e de morte, que levarei para sempre comigo.

Depois, trabalhando diretamente com a Polícia Científica, tive acesso aos laboratórios de Balística e Toxicologia do IC - o segundo é o lugar onde analisam se a droga apreendida é droga mesmo. Lugares que, provavelmente, não voltarei a visitar e que são conhecidos por poucos.

Essa longa introdução serve para exemplificar um pouco o que senti ao conseguir, depois de muito correr atrás, uma entrevista com Emerson Fittipaldi sobre sua primeira vitória nas 500 Milhas de Indianápolis, que completou 20 anos na última quinta-feira.

Emerson foi um dos personagens que me fez querer conhecer o passado do automobilismo e tudo sobre a história do esporte. O bicampeão também atraiu os olhos de uma criança que vibrava com as vitórias de Senna na F-1 para uma categoria totalmente diferente, onde era só um "passarinho cagar na pista" (supostamente uma definição do Piquet) para que a bandeira amarela estragasse qualquer vantagem do líder da corrida.

Acompanhei muito a Indy naquela época, com pilotos como Emerson, Nigel Mansell, Mario e Michael Andretti, Bobby Rahal, Rick Mears, Al Unser pai e Al Unser Jr. Além de outros menos fantásticos, mas folclóricos, como Paul Tracy. E, de certa forma, tudo se resumia a Emerson, o mais bem-sucedido entre todos (único bicampeão da F-1), que era um vovô-ídolo para um moleque fã de automobilismo acostumado com a sobriedade da F-1. Sem contar que ele também foi um ídolo dos meus pais e de toda a geração deles na década de 1970.

Em uma longa entrevista, de forma simpática e atenciosa, Emerson me contou todos os detalhes sobre a vitória confirmada a duas voltas do final, quando um acidente com Al Unser Jr. tirou este da corrida e deu a vitória ao brasileiro. Que, por causa do nervosismo de seu chefe de equipe, Pat Patrick, sofreu com o peso e a queda de rendimento do seu carro após o último pit, o que quase custou sua corrida.


A efeméride não vale apenas por conta das marcas de Emerson - o primeiro brasileiro campeão da F-1 também foi o primeiro sul-americano a vencer as 500 Milhas. Aquela prova, particularmente o seu final, foi sensacional e emocionante. É só ver o vídeo.

Além de falar sobre a vitória, Emerson conta um pouco sobre os problemas com a imprensa na época da Copersucar, compara as 500 Milhas com o GP Brasil de F-1, fala que vai trazer a A1 GP para cá no ano que vem e comenta sobre o sonho de infância que tinha de ganhar em Indianápolis - que era mais representativo do que a F-1 para ele quando criança, segundo o próprio.

E até falei com um não menos simpático Al Unser Jr., que isenta ambos de culpa no acidente e se diz amigo de Emerson até hoje - elogia o "gentleman" brasileiro até não poder mais.

Só senti algo semelhante quando entrevistei o Rob Halford, no ano passado. Então, acho que vale a pena ler tudo!

terça-feira, 2 de junho de 2009

Brawn GP (2)

Apenas um adendo ao post de quase um mês atrás: não acho mais as corridas de 2009 legais de assistir e nem acredito mais no Vettel campeão.

Não tem como acreditar que o Button vai perder o título, tamanha sua superioridade. E os GPs da Espanha e de Mônaco serviram para trazer a monotonia de volta à F-1.

Fora o saco que são as brigas políticas, tetos orçamentários, indefinições, punições estranhas...

Pior que a FIA só a Fifa, que não consegue explicar com clareza o que ela quer como regra no futebol, e nem faz o mínimo esforço para isso.

E pior que as duas, só mesmo o STJD e suas "filiais" nos estados.