terça-feira, 20 de maio de 2008

Tuvucanadá: Mont-Tremblant

Já contei aqui sobre as minhas experiências rock 'n' roll do Canadá. Basicamente, os shows do Rush e do Van Halen.

Agora, relatarei um pouco sobre outras "descobertas" na terra franco-britânica, ou franco-inglesa, ou anglo-francesa, como preferir. Basicamente é uma província francesa chamada Québec, com uma forte veia separatista em relação às províncias britânicas. Os "québécois", naturais da província de Québec, já puderam decidir pela independência por duas vezes, em referendos realizados em 1980 e 1995. Mas, por uma apertada margem de votos, os quebequoenses decidiram contra a separação. Todas as outras nove províncias (e três territórios) canadenses, ressalte, são de origem britânica.

Pela forte influência da colonização francesa, Québec é o lugar mais inusitado e diferente que eu vi enquanto estive lá, nada a ver com a multicultural Toronto, que tem gente do mundo inteiro. Québec City, ou Ville du Québec, ex-capital canadense e atual capital da província, é a cidade mais charmosa que conheci. Apesar de toda essa contextualização, não falarei de Québec Cirty nesse post - deixemos para mais tarde.

Mont-Tremblant

Enquanto Montréal, principal pólo econômico da província de Québec, é uma mistura maluca entre inglês e francês, "québécois" e "canadians", Mont-Tremblant, a 130 km da cidade-sede da Olimpíada de 1976, é um município que sobrevive do inverno e das estações de esqui como atrações turísticas.

Conheci o vilarejo no final do outono, mas cheguei a pegar um dia de neve. Mais ou menos sete graus negativos. A cidade era uma graça, uma Campos do Jordão muito menor, com cerca de 8 mil habitantes. Final de outubro, Mont-Tremblant não tinha turistas e era de um marasmo previsível.



Mas o que eu queria ver mesmo (e fui para lá exclusivamente para isso) era o tal do Circuit Mont-Tremblant. Uma pista de corrida no meio da montanha? Como isso? Sediou corridas de F-1 (1968 e 1970)? Servia uma prova da finada Champ Car no ano passado?


Fui atrás. Saí de Montréal com um pessoal do albergue, pegamos o metrô até uma cidade vizinha chamada St. Jêrome (parada final de uma das linhas do metrô de Montréal) e de lá a solução era um ônibus até Mont-Tremblant. Tudo isso por CAD$ 10, em vez dos CAD$ 25 que custariam a passagem do ônibus de viagem, direto de Montréal. Demorou uma hora a mais, mas valeu a pena, até pela experiência.

Chegando lá, a primeira coisa (e praticamente a única) que eu queria fazer era conhecer aquele misterioso autódromo. Era pertinho do albergue, andei até lá e fui sacando a entrada do lugar, que mais parecia uma daquelas estradinhas de sítio no interior de São Paulo. Não dava para acreditar que, atrás de um grande lago (que congela no inverno, consta), existia uma pista de corridas.

E a primeira impressão fica mesmo pela entrada, de cascalho e terra. Se não fosse o típico cenário de inverno, parece que estamos rumo a um rodeio. Imagino um circuito como Interlagos ou Montréal com um acesso daqueles. Está certo que o nosso autódromo José Carlos Pace tem entradas problemáticas, mas são várias, pelo menos. Em Mont-Tremblant, só a tal estrada de terra.

Com a entrada fechada, é lógico que eu pulei para ingressar no circuito, já que eu tinha vindo de muito longe, sabia que qualquer um entenderia. Só estava com medo de huskies siberianos ou cachorros são-bernardo me atacarem pela invasão. Para minha sorte, não havia rigorosamente ninguém cuidando do circuito. Nenhuma alma penada.

Daí, fiz a festa, enquanto um amigo belga do albergue (não é trocadilho) me esperava lá fora. Pela primeira vez, tive contato com um cenário diferente do automobilismo. Feito em uma cidade minúscula e no meio da montanha, longe de tudo (a coisa mais perto é Montréal), você nota que a preocupação com o mundo "profissional" da F-1 e do automobilismo em geral é nula.


Um circuito pequeno, uma pista ajeitadinha. Apertada, porém. Ficava imaginando Jackie Stewart, Jochen Rindt, Graham Hill, Denny Hulme e John Surtees, entre outros, acelerando seus bólidos em uma época diferente da F-1. Uma época em que se corria onde era possível. Não pretendo ser saudosista a respeito desses tempos. Mas fica pela constatação do que se tornou um palco de corridas de Grande Prêmio há 40 anos.
A torre de controle, o tal do hospitality center, é tudo no mesmo lugar, aparentemente. Pequeno, mas acho que conseguem fazer tudo caber lá. Afinal, quase nunca o autódromo, reformado recentemente, sedia corridas. A ambulância também estava lá parada, sem ninguém para cuidar.

No meio do traçado, uma construção com os dizeres "Jim Russel Internacional Racing Drivers School". Fiquei pensando que, em uma cidade com 8 mil habitantes, localizada em uma região de população pequena, quantos gostariam de ter aulas com o ilustre Jim Russel. Creio que poucos. Não é à toa que a construção já estava completamente desgastada. Se fosse no Brasil, diriam que está criando dengue. Também me chamou a atenção o nome em inglês, raro em terras franco-canadenses.

O que deixo para o final, no entanto, é o maravilhoso cenário. Um circuito com uma montanha ao fundo, coberta pelo gelo. A pista com nada menos do que rochas em áreas de escape. Um traçado com freqüentes subidas e descidas em meio à montanha.



Me senti em um museu no Circuit Mont-Tremblant. Para alguns, podia ser triste e melancólico. Mas, para falar a verdade, fiquei honrado em conhecer um local que tem história no automobilismo, por mais distante que seja da realidade atual do esporte.

Afinal, por menor que seja a história de Mont-Tremblant na F-1 (e contando todas as suas limitações atuais), o circuito está lá de pé. Jacarepaguá, em uma cidade com 6 milhões de habitantes e com muito mais história na principal categoria do automobilismo, está destruído.

Isso sim é melancólico e triste.


PS: Estive no Rio de Janeiro em novembro de 2006, para cobrir uma etapa da Stock Car em Jacarepaguá pelo Grande Prêmio. O mato cobrindo boa parte do autódromo e o descuido para com o mesmo demonstrava o real "interesse" de a prefeitura preservar o templo. Que, naquela época, já estava destruído para a construção de sedes dos Jogos Pan-Americanos. Parece um fazendão, como mostram as fotos que eu tirei.



PS 2: Escalei uma montanha em Mont-Tremblant nesse mesmo dia (não aquela) e fiquei maravilhado com a beleza do local. Com certeza, esse visual ficará na minha memória em toda a minha vida. A minha foto de boina, que ilustra esse blog, é desse dia.



PS 3: Esse é o quão perto eu cheguei do gigante Mont-Tremblant, após a cansativa escalada.

Whitesnake em SP

Hoje os posts estão bombando, então vamos embalar. Agora, publico o review sobre o show do Whitesnake, no Credicard Hall, no dia 10 de maio.

Uma sexta-feira típica, de muito trânsito na capital paulista. Parece que bateu o recorde de trânsito de todos os tempos em São Paulo. Mas esses recordes caem toda hora. Aliás, essa marca a megalópole vem batendo com louvor, dia após dia.

Voltando ao show, seria o meu segundo do Whitesnake. O primeiro foi em 2005, quando a banda abriu para o Judas Priest. Com um set curto, acabou sendo apenas um aperitivo para a apresentação completa deste ano.

Lembro que eu tinha 13 anos quando eles vieram em 1997, queria ir no show, mas era moleque demais e acabei perdendo. Conhecia pouca coisa da banda, os hits básicos, mas tinha vontade de saber mais.

Para mim, o David Coverdale é a segunda melhor voz entre os cantores de hard rock clássico. Só perde para o Dio. E o cara mostrou a que veio no Credicard Hall, como escrevi no review para a FOL, que segue abaixo.

PS: De novo, quem me ajudou no show foi o Marcos Borges, tirador de fotos.

David Coverdale traz Whitesnake e anos 80 de volta no Credicard Hall

MARCELO FREIRE
Colaboração para a Folha Online

A história de David Coverdale, 56, no rock 'n' roll começou no Deep Purple, na década de 1970. O inglês entrou na famosa banda de hard rock britânico para substituir Ian Gillan, em 1973, gravou três discos de estúdio, mas o grupo encerrou as atividades em 1976 --voltando oito anos depois, sem Coverdale. Levado ao sucesso com a banda, já consagrada, Coverdale gravou dois discos solos antes de montar o Whitesnake, em 1978.

Com a sua própria banda, Coverdale pôde criar um som característico e centrado em sua voz. Após os primeiros álbuns, mais voltados ao blues rock, Coverdale abraçou o hard rock norte-americano e o Whitesnake estourou para o sucesso, principalmente com os discos "Slide it In" (1984) e "Whitesnake" (1987). Em 1985, a banda se apresentou no primeiro Rock in Rio, aumentando sua popularidade no Brasil.

Após dois grandes hiatos, entre 1990 e 1997 e depois entre 1998 e 2003, Coverdale resolveu remontar o seu grupo de hard rock com a dupla de guitarristas Reb Beach (ex-Dokken e Winger) e Doug Aldrich (ex-Dio) para buscar o som consagrado nos anos 80. O primeiro disco de estúdio com a nova formação foi "Good to be Bad", lançado neste ano.

Neste contexto, a banda voltou ao Brasil para algumas apresentações pelo país, e o show em São Paulo era um dos mais esperados. Em sua última turnê por aqui, em 2005, o grupo teve de tocar por pouco mais de uma hora no Anhembi, já que se apresentaria ao lado do grupo de heavy metal Judas Priest, liderado por Rob Halford. Em 2008, a chance era de trazer um set list mais longo e um show com músicas inéditas.

Às 22h30, Coverdale aparece com uma camisa branca e sua vasta cabeleira loira, fazendo sua típica pergunta "vocês estão prontos?", deixando os fãs na expectativa para a música de abertura, "Best Years", do último disco. A nova canção agita o público, mas talvez uma música antiga levantasse os fãs de forma mais contundente no começo da apresentação.

Coverdale, o "Mr. Love", manda beijos, se agarra à caixa de som, roda o pedestal do microfone e bate no peito, mostrando que seu carisma não foi embora com o passar dos anos. "Fool for your Loving", música de 1980 e regravada pela própria banda em 1989, chama mais a atenção do que a primeira, até por ser um dos clássicos da banda.

E a nova formação do Whitesnake mostra coesão, com a dupla de guitarristas conectada a Timothy Drury (teclados), Uriah Duffy (baixo) e Chris Frazier (bateria). Já o veterano vocalista encara bem a pesada "Bad Boys", rasgando um pouco mais a voz do que em tempos anteriores.

Entre as novas "Can You Hear the Wind Blow" e "Lay Down Your Love", o sexteto manda uma de suas faixas mais conhecidas: "Love Ain't No Stranger", de 1984, cantada por todos. Antes dela, Coverdale realiza um belo gesto ao homenageá-la a "um grande amigo", Mel Galley, ex-guitarrista da banda e que sofre de um câncer terminal, revelado recentemente pelo próprio Galley. Em seguida, a balada e conhecidíssima "Is this Love" faz sucesso e é muito aplaudida, principalmente pelo público feminino.

O público variado, de diversas faixas etárias, foi uma das características do show da banda, que atinge vários tipos de fãs de rock. Que, na pista, são prejudicados por um som embolado na frente do palco, que melhora quando se procura o fundo da platéia.
Os fãs também surpreendem e demonstram conhecer o set list inteiro do concerto, incluindo as canções do novo disco e outras não tão famosas. As músicas novas, inclusive, soam melhores e mais pesadas ao vivo do que em estúdio, o que ajuda na aceitação daqueles que não as conhecem. Os refrões, pegajosos como sempre, também contribuem.

A pausa para Coverdale começa com o duelo dos guitarristas Reb Beach e Doug Aldrich, começando na "fritação", com solos rápidos e cheios de notas, e chegando ao blues cadenciado. "Crying in the Rain" é executada depois e inclui um solo de bateria, não muito longo, de Chris Frazier.

Enquanto o vocalista rasga mais a sua voz e agüenta bem os agudos das músicas mais antigas, os outros membros da banda colaboram com backing vocals afinados e potentes, fazendo a parte de Coverdale quando este resolve se poupar. É de praxe, também, o cantor deixar o público entonar os refrões mais conhecidos.

Uma das primeiras surpresas é a versão acústica da pop "The Deeper the Love", que se torna mais serena e menos grudenta do que a original, com Coverdale na voz e Aldrich no violão. Enquanto o show se encaminha ao final, o Whitesnake emenda os sucessos "Give me All your Love Tonight" e "Here I Go Again", antes de trazer de volta "Ain't no Love in the Heart of the City", blues regravado pelo Whitesnake ainda no início da banda.

Depois, a maior surpresa: Coverdale começa a cantar os primeiros versos de "Guilty of Love", grande sucesso da banda no Brasil (dos tempos de Rock in Rio) e que não estava programada no set list. Depois da introdução do vocalista, a banda resolve tocá-la praticamente inteira.

O cantor volta a se destacar em outra música pesada, "Still of the Night", não se esquivando dos agudos apesar de a sua voz ter mudado muito nos últimos 20 anos. Depois, Coverdale canta um trecho de "Soldier of Fortune", que abre espaço para "Burn", maior sucesso do Deep Purple com o atual vocalista do Whitesnake, que ainda emenda um trecho de "Stormbringer", fechando a apresentação da banda no Credicard Hall com uma "tríade" Deep Purple.

O final da apresentação mostra que o Whitesnake cumpriu o seu papel em um Credicard Hall lotado: trouxe de volta os anos 80, resvalando na nostalgia do Rock in Rio, mostrou seu trabalho novo e encarou os sucessos antigos com competência.

Ozzy Osbourne em SP


Presenciei a passagem de Ozzy por terras paulistanas no último dia 5 de abril, no Parque Antarctica. Para mim, minha primeira experiência cobrindo shows no Brasil, já que fui lá pela Folha Online, onde publiquei um review sobre o show, reproduzido abaixo.

Sempre gostei muito da carreira solo do Ozzy, onde ele seguiu um caminho diferente do Black Sabbath e de muita personalidade. Para mim, "Blizzard of Ozz", o primeiro disco (1980), é um dos álbuns mais consistentes do rock 'n' roll e ajudou a reerguer a carreira do "Madman" após sua saída traumática do Sabbath. Contou com uma banda extremamente talentosa, que incluía Randy Rhoads (guitarra), Bob Daisley (baixo), Lee Kerslake (bateria) e Don Airey (teclado, hoje no lugar de Jon Lord no Deep Purple).

Entre os outros discos dos anos 80 e início dos 90, nenhum deles é tão regular quanto o primeiro, apesar de "Diary of a Madman" (1981), "Bark at the Moon" (1983) e "No More Tears" (1992) serem ótimos, com vários clássicos do vocalista. Depois disso, já não me interesso muito pelo resto. Quanto mais recente, pior.

Mas o que estava em jogo mesmo era a disposição, a saúde e a energia de um maltratado Ozzy. Maltratado por uma vida das mais malucas que o rock 'n' roll conheceu, chegando a passar perto da morte algumas vezes. Mas que não evitou a demonstração do vocalista de que ele é acima de tudo isso e que sabe como poucos controlar uma platéia. Talvez o músico mais carismático que eu vi subir ao palco.

Foquei minha crítica nisso, no quanto sua idade não influencia em seu show, mesmo com limitações vocais que Ozzy sempre teve - e que, na verdade, nunca o atrapalharam em sua carreira de sucesso. Ainda mais para o público heavy metal, que respeita muito os atos e a postura de seus ídolos, em detrimento da técnica musical absurda ou exibicionista. Para o fã, em termos gerais, não é isso que conta.

Tudo o que conta foi demonstrado por Ozzy Osbourne no sábado retrasado. E é isso que eu relato em meu review, publicado na Folha Online, e que segue abaixo. Na FOL, tem também os (pequenos) reviews do Korn e do Black Label Society, que abriram as apresentações.

Sem mais delongas, segue o texto.

PS: As fotos são do Marcos Borges, da FOL, que me deu uma grande força no show.

Pioneiro do metal, Ozzy Osbourne demonstra energia em show de SP

MARCELO FREIRE
Colaboração para a Folha Online

Após uma ausência de 13 anos, o cantor Ozzy Osbourne, ex-Black Sabbath, voltou a tocar em São Paulo neste sábado (5), no estádio Parque Antarctica. Uma história que envolve mordidas em um morcego e uma pomba, muitos problemas com drogas, um reality show e bastante rock 'n' roll subiu ao palco no campo do Palmeiras.

Apesar de todas as limitações do vocalista, no alto de seus 59 anos, cerca de 38 mil pessoas foram reverenciar o "príncipe das trevas", que ajudou a criar imagens e símbolos da música pesada. Além de ser um dos pioneiros a executá-la, claro, ainda com o Black Sabbath.


Ozzy já havia passado pelo Brasil em 1985 (no Rock in Rio) e dez anos depois, na segunda edição do finado festival Monsters of Rock, em São Paulo. Dessa maneira, uma geração de jovens fãs brasileiros teve a oportunidade de conferir ao vivo, pela primeira vez, um dos pioneiros do heavy metal.


A abertura ficou com as bandas Black Label Society (liderada pelo guitarrista de sua banda, Zakk Wylde) e Korn. Mesmo com as diferenças de estilo, ambas se saíram bem no papel de "esquentar" o público, que queria mesmo ver a atração principal.


Ozzy Osbourne

O ex-vocalista do Black Sabbath sabe que sua imagem está acima de tudo em sua biografia. Com todas as loucuras envolvendo sua vida pessoal, o cantor criou um mito em torno de si que supera até mesmo seus sucessos musicais. Consciente disso, Ozzy utiliza do carisma para ganhar o público mesmo antes de entrar no palco, com um vídeo no qual o cantor faz paródias de diversos filmes e seriados famosos, como "Borat", "Família Soprano" e "Lost".


A introdução "Carmina Burana" prepara o público para a abertura do set list, com "I Don't Wanna Stop", do disco mais recente de Ozzy Osbourne, "Black Rain" (2007). O hit "Bark at the Moon" vem em seguida, e o cantor demonstra logo suas limitações vocais em músicas que exigem mais de sua voz, como é o caso dessa, a qual Ozzy se esforça muito para executar.

Zakk Wylde, na banda há bastante tempo, também se destaca no show, assim como a "cozinha" formada pelo baterista Mike Bordin (ex-Faith No More), Rob "Blasko" Nicholson (baixo) e o tecladista Adam Wakeman, filho de Rick Wakeman (conhecido por seu trabalho nos teclados do Yes e com uma bem-sucedida carreira solo).


O vocalista se encarrega de puxar o coro "olê, olê, olê", respondido pela platéia com "Ozzy, Ozzy", abrindo caminho para "Suicide Solution", de seu primeiro disco solo, "Blizzard of Ozz" (1980). Jogando baldes de água e gritando o tempo todo para o público, o cantor inicia um de seus maiores sucessos, "Mr. Crowley", cantado em uníssono pelos presentes.


Considerando sua imagem no reality show "The Osbournes", que protagonizava ao lado de sua família, Ozzy até surpreende, saltando o tempo todo no palco. De qualquer forma, sua forma física "relaxada" fica aparente pela grande barriga do vocalista.


"Not Going Away", do último disco, acalma os ânimos, que voltam a se levantar quando Ozzy pergunta se o público gostaria de ouvir uma música do Black Sabbath. "War Pigs", de 1970, traz nostalgia e sorrisos na platéia, que canta a canção junto com o vocalista.

A primeira balada do show é "Road to Nowhere", na qual Ozzy procura agradar o público se enrolando em uma bandeira brasileira. No grande sucesso "Crazy Train", o cantor deixa os fãs cantarem o refrão, talvez em busca de poupar um pouco a sua voz.

Com um sangramento nos dedos após sofrer um corte, Wylde deu início ao seu solo, que durou sete minutos, agradando alguns e cansando outros. "Iron Man", outro clássico da ex-banda, e "I Don't Know", que abre seu disco de estréia, "Blizzard of Ozz", voltaram a levantar os presentes no Parque Antarctica.

As últimas canções foram "No More Tears", "Here for You" (do último disco), "I Don't Want to Change the World", "Mama, I'm Coming Home" e "Paranoid" (do Black Sabbath), considerada por alguns como uma das primeiras canções heavy metal da história.

Concentrando o set list nos consistentes discos "Blizzard of Ozz" (1980) e "No More Tears" (1991), além das três canções do Sabbath e outras três do último disco, Ozzy soube segurar o público do início do show ao seu final, sempre incitando a platéia a gritar e cantar as músicas.

A passagem de Ozzy Osbourne por São Paulo se encerrou com uma promessa de retorno, não tão longo quanto os 13 anos entre o Monsters of Rock de 1995 e esta miniturnê, iniciada com um show no Rio de Janeiro e encerrada com a apresentação na capital paulista.

Mais importante do que a performance do vocalista foi a demonstração de energia aliada à sua imagem de mito do heavy metal, irreverente e carismático, que nunca se leva a sério.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Inacreditável

Na quarta passada, o Flamengo foi ao México, deu show e venceu o América por 4 a 2, pelo jogo de ida das oitavas-de-final da Libertadores.

Hoje, o time podia perder por até dois gols. Fez de tudo para ser derrotado por 2 a 0. Acabou tomando mais um. 3 a 0 para o América, em pleno Maracanã. Foi a coisa mais bizarra que eu vi. Conseguiram perder a vaga. Impressionante.

Nem o meu Coringão, especialista em eliminações na Libertadores, chegou perto de um vexame desses.

E ficou a festa do título carioca, festa de despedida para o Joel Santana, festa pela vinda do Caio Júnior. De presente, essa sacolada chicana.

Não consigo pensar em outra coisa a não ser "salto alto". Os caras tinham certeza de que iriam classificar.

E o Caio Jr., que, dirigindo o Goiás, conseguiu perder para o Coringão por 4 a 0 depois de ter vencido em Goiânia por 3 a 1, não mudará de ares coisa nenhuma com essa ida pelo Flamengo.

Se ele achou que com o Goiás, onde também perdeu o estadual para o Itumbiara, era difícil, quero ver como ele vai lidar com o Flamengo. Tenho simpatia pelo Mengão, espero que dê certo. Quase digo que era o meu time na Libertadores.

Mas, depois dessa eliminação, já até me arrependo.

Notícias que não vimos nesse ano (Parte 2)

A continuação, agora com o tal "trauma" palmeirense do interior. "Trauma" esse que não foi reacendido coisa nenhuma. Muito pelo contrário.

Título da Ponte reacende "trauma do interior" no Palmeiras

O título paulista da Ponte Preta conquistado neste domingo, após vencer o Palmeiras por x a x no Parque Antarctica, trouxe de volta ao clube alviverde o trauma de perder um torneio para uma equipe do interior do estado de São Paulo.

Em 1978, o Guarani, também de Campinas, despachou o Palmeiras nas duas finais do Campeonato Brasileiro, vencendo ambas por 1 a 0. Na primeira partida, no Morumbi o goleiro do time paulistano Emerson Leão foi expulso após agredir o atacante Careca, do Guarani. Além da exclusão do goleiro, hoje técnico do Santos, foi marcado pênalti para a equipe de Campinas, convertido por Zenon.

No segundo jogo, no estádio Brinco de Ouro, nova vitória do Guarani, dessa vez com gol de Careca, um dos destaques do time campineiro, rival histórico da Ponte Preta.O outro revés palmeirense para clubes do interior em finais foi em 1986, quando Kita e Tato ajudaram a Internacional de Limeira a superar o Palmeiras na decisão do Campeonato Paulista.

Apesar de os dois jogos serem realizados no estádio do Morumbi, em São Paulo, a Inter levou o campeonato com um empate e uma vitória nas decisões. Na primeira partida, os dois clubes empataram em 0 a 0. No jogo decisivo, a Inter venceu por 2 a 1, com gols de Kita e Tato. Amarildo descontou para o Palmeiras.

Foi o único título estadual da equipe de Limeira, então dirigida por Pepe, ex-jogador do Santos. O Palmeiras, por sua vez, tinha como treinador José Luiz Carbone, hoje coordenador técnico da Ponte Preta.

O comum entre as decisões de 1978 e 1986 é que ambas foram disputadas na época em que o Palmeiras ficou 17 anos sem conquistar um título, entre 1976 e 1993.O título estadual de 1976 do Palmeiras, inclusive, havia sido ganho contra outra equipe do interior: o XV de Piracicaba.

Notícias que não vimos nesse ano (Parte 1)

Domingo agora, o Palmeiras deu um show na Ponte, meteu 5 a 0 e levou um título depois de 12 anos. Coitada da Ponte, nunca ganhou nada e dessa vez não deu nem pro cheiro, mesmo chegando na final e fazendo uma bela campanha no Paulista.

Mas sobre isso todos já leram.

Nos resta imaginar o que teria acontecido se o time de Campinas, após tanto tempo batendo na trave, conquistasse o título. Para amenizar isso, vou publicar no blog duas notas que já estavam prontas na FOL caso o time de Sérgio Guedes revertesse a situação e ganhasse o campeonato. Jornalista tem de estar sempre pronto para essas zebras.

Agora, podemos imaginar um pouco mais sobre essa situação fantasiosa. Vai em duas partes aqui no blog.

Ponte Preta repete Inter de Limeira e leva Paulista fora de casa

A surpreendente vitória da Ponte Preta sobre o Palmeiras neste domingo, pela decisão do Campeonato Paulista-2008, marcou também a segunda vez em que um time do interior veio a São Paulo para celebrar seu primeiro título do Estadual.

O feito do time do técnico Sérgio Guedes repete o da Internacional de Limeira, que bateu o mesmo Palmeiras em 1986, por 2 a 1, gols de Kita e Tato. Amarildo descontou para o Palmeiras. A diferença é que, ao contrário da Ponte, que venceu o Palmeiras no Parque Antarctica, a Inter superou o clube alviverde no estádio do Morumbi.

Foi o único título estadual da equipe de Limeira, então dirigida pelo ex-jogador do Santos Pepe. José Luiz Carbone, hoje coordernador técnico da Ponte Preta, era justamente o treinador do Palmeiras.

Do elenco atual da Ponte, apenas três jogadores (César, Deda e Bilica) já haviam conquistado um título de divisão de elite. César, que não jogou a final, é o único que já tinha ganhado um Paulista.

Memória

Além da Inter de Limeira e da Ponte Preta, nos anos 80 outros dois times venceram o Estadual na cidade do rival. Em 1984, com o Paulista disputado em pontos corridos, o Santos bateu o Corinthians no Morumbi. Em 1988, foi o Corinthians que ganhou a final contra o Guarani, em Campinas.

A equipe litorânea já obtivera o feito em 1973. Na final, vencia a Portuguesa nos pênaltis. Por um erro do árbitro Armando Marques, que encerrou as cobranças antes de o resultado estar definido, o título foi dividido entre os dois clubes.

Chatice

Há uns 25 minutos, a Globo, que estava transmitindo o jogo do São Paulo com o Nacional-URU pela Libertadores, interrompeu a transmissão para mostrar a prisão dos pai/madastra da Isabella.

Às vezes, o destino é justo. Logo depois de a emissora ter desistido do futebol para dar uma não-notícia, o Adriano fez o gol do São Paulo. E a Globo simplesmente perdeu. Colocou lá uma caixinha do lado direito da tela e mostrou o gol com uns cinco segundos de delay, pelo menos. Isso porque eu assistia na Sportv, e coloquei na Globo logo que saiu o gol para ver o que eles falariam. Passaram o gol, sem narração nem nada, e cortaram de volta para o show doc caso Isabella.

Bem-feito. É o que eu tenho a dizer. Bem-feito por desrespeitar cada telespectador que assistia ao jogo, cada torcedor do São Paulo que já não morre de amores pela emissora e vai passar a descreditá-la ainda mais. A torcida do São Paulo que não tem TV fechada, segunda maior do Estado de SP e possivelmente a terceira do país, teve de interromper seu sofrimento em um jogo no qual o seu time pressionava a equipe uruguaia, mas não conseguia sair do zero.

Eu apenas estava assistindo ao jogo. Imagino quem estava lá, sofrendo, gritando com as chances perdidas pelo time do coração.

Mas não. Temos um plantão. Uma notícia mais do que "urgente". Os acusados de um assassinato (que sim, chocou o país, mas continua sendo um assassinato) vão para a cadeia. Com todo o circo armado por jornalistas e (principalmente) pela polícia para que se desse uma dimensão maior do que o fato realmente é.

Sedenta por isso, a Globo certamente pensou "tá todo mundo ganhando audiência com isso, só nós estamos perdendo; precisamos entrar". Como se o assunto fosse de tamanha relevância para isso. Se fosse, eu nunca discutiria. Mas simplesmente não é.

Até porque, para aquele são-paulino apaixonado assistindo ao jogo e que não tem TV a cabo, o jogo do São Paulo era muito mais importante do que aquela chatice que ninguém agüenta mais. E para aqueles que agüentam e estavam assistindo, não deixariam de assistir à Record só porque a Globo resolveu passar de uma hora para a outra, no meio do jogo do São Paulo. E como saber que a Globo resolveu passar?

Bem-feito, pois tenho certeza de que quebraram a cara.